sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sau... dades?

Saudades, é isso.

Aquela coisa estranha que fica presa na garganta em dias mais monótonos, em dias mais silenciosos. É preciso toda uma série de condições pra que sentimentos como esse venham à tona.

Mas ela sempre sentiu isso, não foi? Ela sempre pensou, com a mente mais lá do fundo, nas coisas e pessoas que deixou pra trás, nas paisagens, nas sensações, nas vidas que teve e que trocou. Não com remorsos, ainda não deu tempo de se arrepender.

Ainda não é uma velha solitária que preferia ter por perto as vidas e condições que sempre teve, e que gastou, como se fosse um jogo estúpido. Pelo menos não por fora, e ainda não por dentro. Ela sabe das coisas que teve que trocar, ela sabe do valor das ausências, e o quanto esse valor extrapola quando ela se deixa parar para pensar nele com todas as suas mentes.

A praticidade e a responsabilidade sempre tentaram sufocar ali dentro as mentes sensíveis, as mentes que se dedicam àquelas paisagens, àquelas risadas, às conversas, aos carinhos, aos olhares, ao conforto. A filha ficou pra trás, a irmã também, mas lembra-se com mais pesar, a namorada e a amiga disputam com a construtora um lugar entre os dias.

Os dias... esses tornam-se pesados com facilidade. Apagam o anseio devagar, e para quem diria que isso é uma boa coisa: não é. É quase como algum bicho que nos consome a energia, que vai-nos retirando pequenos pedacinhos. Até o dia em que nos sentimos deformados, quase irreconhecíveis.

Respirar fundo nas paisagens que a lembram os por quês, os comos e os por quem é o combustível que a permite continuar flutuando naquele rio calmo, debaixo do sol confortante, que injeta pela pele a beleza e frescura do dia, a paz que é estar ali, com o especial dos dias dela,  os olhos que a embalam para dormir um sono despreocupado.

Mas esse é um momento em que deixou as coisas brotarem. Aos poucos ela volta à construtora que deixa a namorada e a amiga partilharem com ela o mesmo lugar. É preciso caminhar, parar, descansar, respirar fundo, e levantar outra vez. Os dias continuam bonitos, claros, abertos, ou escuros, cinzas. Quando esses chegarem, vão cativá-la da mesma forma. Ela me contará, e eu escreverei, nos aquis.

Um comentário:

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