sábado, 7 de novembro de 2009

Fúria

O dia de ontem fechou-se em choviscos, espalhou água durante suas 24h, às vezes fraco, indeciso, às vezes forte, poderoso. Ninguém podia se sentir feliz, ontem.

Hoje, a fúria, decidiu-se. Abriu o céu, falsa esperança para aqueles que querem aproveitá-lo. Aqui dentro ouço o rugido do dia que zanga-se desde que nasceu. Arrasta as folhas que conseguiram atravessar o portão do outono, espalha-as, confunde, causa o caos.

Energia furiosa de um dia impaciente... as folhas verdes mal resistem, grudadas ao solo por fracas raízes. As flores, as poucas que restaram nessa indecisão outonal, choram enquanto destacam-se das plantas, entregando-se à vontade do mestre. Flutuam por algum tempo e podem sentir-se livres, antes de morrer. Sacrifícios do mestre, raivoso.

Inspira muito, assopra forte, tirando tudo o que puder do lugar. Que lugares? As coisas misturam-se, desordem. Que ordem? Mexam tudo isso! Tirem tudo isso do caminho! Meu caminho, para uma nova estação que não consegue chegar...

Trago até vocês o frio, a reclusão, a solidão. Aproveitem.